A modernidade acompanha o desenvolvimento do jornalismo. Contrapondo as tradições obscurantistas, em que o saber era velado, o jornalismo vem tornar público determinados conhecimentos restritos a maioria da população.
A partir do momento que o jornalismo começou a se expandir com a modernização de equipamentos, transformando a maneira de pensar e fazer política, os jornais se viram obrigados a vender mais e investir em tecnologia para se manterem no mercado. Com isso os jornalistas foram rebaixados à simples servidores, subordinados ao mercado. Para sobreviverem os jornais iniciaram a inserção de publicidade e aqueles que renunciaram a isso tiveram vida curta e foram fadados à inexistir.
A questão das novas tecnologias hoje, influencia muito na maneira de ser fazer jornalismo. Hoje quem não consegue ter acesso ao jornal impresso, busca o online. Com o avanço da internet, o ciberespaço proporciona o contato com o agora. Além da resposta imediata do telespectador na noticia.
Acontece que o desenvolvimento da rede também trás consigo o excesso de informação e notícias. O primeiro passo que devemos fazer a compreender esse avanço é que tudo tem seu lado bom e o ruim. O lado bom é aquele que lhe proporciona mais liberdade. Você consegue apurar uma noticia em vários jornais e sites. Mas ao mesmo tempo,você pode cair na confiança de uma noticia que foi replicada varias vezes, mas sem veracidade dos fatos.
Sem contar que o profissional de jornalismo terá que se adaptar a essas novas tecnologias para conseguir se manter no mercado. Agora o dinamismo de qualquer jornalista, seja ele de impresso ou online, terá que ser flexível a essa mudança, afinal quem não entra na roda, dança!
O texto “Obesos de informação, sedentos de sentido”, expõe claramente o que a notícia vem se transformando ao longo do tempo. E as pessoas também. Esse texto, diria ser mais um “textonário”, mistura de texto com questionário.
Você por acaso já se questionou quantas notícias escutou na TV, no rádio, na internet ou em um jornal ou revista apenas no dia de hoje? Em qualquer lugar, há mais informações do que pensamentos, questionamentos e reflexões. Do que uma vida vivida na importância do que nos dá consciência.
A questão da quantidade de informação hoje gerida pela grande imprensa, publicidade, por toda a mídia, é o que importa nesta atualidade do virtual, da rapidez, do agora.
Estamos sempre correndo. Isso é fato. Mas para onde? Estamos sempre procurando algo em que nos desperte atenção, mas para que? Estamos sempre buscando ser o primeiro, saber primeiro e saber mais, mas afinal, o que disso tudo é importante? O que pensamos no nosso dia a dia? Fatos, noticias, tragédias, mortes, publicidade, propaganda?
O que vou comer no almoço? Que roupa eu vou vestir para sair? Não. Isso você pensava antes! Agora pensa o que vai dizer no facebook, o que irá questionar no twitter, e o que irá postar no seu blog. Estes dois últimos têm que ser diário, pois senão, ninguém acessa. Ou seja, mais uma informação na concorrência de outras.
E nisso tudo o sentido de estar vivo vai embora. Não fomos educados para entender o que nos é importante. E o que é importante para você? Aprender a levantar de manhã e ver que tem mais um dia grandioso pela frente lhe recebendo com um brilhante sol? Ou já ao acordar, nem escova os dentes e já checa seus emails e paginas virtuais?
A insensatez do humano está governando. Olhar para frente é olhar a massificação e buscar de todo o jeito está na frente dela.
A questão da alta produção está voltada para todo o mundo. Produção de tudo o quanto é tipo, de roupas, de sapatos, de marcas de cigarros, bebidas e por que não estaria também envolvida no meio da informação? Esta também precisava sobreviver nesta era. E a única forma é a sua distribuição e massificação. Quanto mais melhor. Quanto mais, menos sentido, aí você vai ao shopping e compra milhares de tudo o que faz sentido pra você. Ou não reparou que tudo é uma bola de neve? E uma coisa não vive sem a outra?
Bem... Acho que já questionei demasiadamente. Agora é sua vez!
O jornalismo e a comunicação passam por transformações surpreendentes. Isso tudo, devido a era tecnológica. O que é informação e o que é noticia se confundem muito no meio da comunicação de massa. E por mais que muitos digam que não, a internet também é um meio de massa. Mas que a internet possibilitou novas formas de ser fazer jornalismo é uma condição das novas tecnologias e ferramentas que vem surgindo.
Partindo deste principio, o avanço da tecnologia trouxe uma ferramenta poderosa ao telespectador da noticia. Antes de existir a internet, há décadas atrás, ele não tinha o poder de especular, contradizer ou se posicionar a determinado conteúdo ou notícia.
Hoje, pode-se dizer que o feedback é mais rápido na rede. E muitos se apoderam dela. Acontece que a internet não chegou apenas para dar uma “mão dupla” a informação.
De acordo com Wilson Dizard no livro a nova mídia, desde sua popularização há mais de 15 anos, a internet vem conquistando espaço em todo o mundo, assumindo relações de comercio, divulgação de informações e se tornando um canal de relacionamento entre pessoas de diversas localidades.
A rede se expandiu tanto que muitos chegaram a achar que a internet iria acabar com o jornais e revistas. Acontece que uma coisa não extingue a outra. Assim quando a televisão passou a massificar a população em 1950, a radio existe até hoje.
A cultura digital, também chamada de cibercultura tem o poder de prender, de massificar como disse no inicio e de conquistar o internauta. Agora, sobre a profissão do jornalista no meio dessa grande cultura, só tem uma única opção: a adaptação.
Hoje em dia é comum a busca de notícias on-line. A facilidade de contar com apenas alguns cliques do mouse para ir de uma notícia a outra atrai cada vez mais pessoas a utilizar esta ferramenta. Mas o ciberjornalismo não se limita apenas às matérias escritas, ele pode conter áudio de entrevistas em tempo real, fotos, imagens tudo que interesse ao público leitor. O crescimento desse tipo de jornalismo é visível, cada vez mais leitores e anunciantes se interessam pelo ramo. O jornalista tem mais esta ferramenta para exercer sua profissão.
Cléber Akamine, jornalista e
editor do portal EP Ribeirão (da
EPTV) é o entrevistado
escolhido para falar sobre
o assunto. Confira a entrevista
abaixo.
Qual relação o profissional de comunicação deve ter com as novas tecnologias?
O profissional de comunicação precisa conhecer e estudar as novas tecnologias. Entender a dinâmica das redes sociais e identificar semelhanças e diferenças entre uma mesma notícia publicada em diferentes mídias (móbiles, impresso, rádio e TV), são alguns dos exemplos que certamente servirão de bagagem para que o jornalista construa uma notícia mais apropriada ao público-alvo. É preciso estar atualizado. Quem trabalha em TV, precisa acompanhar o twitter da prefeita. Quem trabalha na internet deve conhecer a interatividade e os recursos de uma TV Digital.
Com o avanço da internet, da telefonia celular, blogs, facebook, twitter, qualquer cidadão pode tornar-se um comunicador. Isso pode tornar o profissional de comunicação obsoleto?
Sim, todo cidadão é um comunicador. Porém, essa informação não tem o mesmo valor do que aquela veiculada em um meio de comunicação. Profissional de comunicação obsoleto? Não. Eu diria que este ficará ainda mais valorizado. Com esse congestionamento de informações, a tendência é de que as pessoas os bons veículos sejam cada vez mais valorizados.
Informações checadas, bem reportadas, estarão "acima" de mensagens postadas em facebooks ou twitter. Ainda sobre as redes sociais, as redações precisam (e devem) estar conectadas, já que estas, muitas vezes, servem de fontes. É um ciclo: uma pessoa posta uma foto de um acidente, por exemplo. A redação checa apura novas informações, contextualiza e faz a notícia. Os internautas, que encontraram a foto em uma rede social, geralmente vão procurar um portal para confirmar se aquela informação é verdadeira.
De que qualidade é a comunicação que está sendo construída com essas novas tecnologias?
É preciso filtrar tudo. Existem posts em Orkut, Facebook, Twitter que muitas vezes contribuem com informações e opiniões. Porém, os jornalistas não podem creditá-las como única fonte. É preciso checar, sempre! Existem ONGs, personalidades, políticos e autoridades que também contribuem. Porém, como dito anteriormente, o trabalho do jornalista é transformar essa informação em notícia.
As redes sociais favorecem a liberdade de imprensa?
Acredito que não exista essa relação. Exemplo: o profissional que deixa de escrever uma notícia por imposição de uma empresa, dificilmente divulgará aquilo que pensa em uma rede social. Ou seja, se há censura no meio profissional, haverá no pessoal também.
As novas tecnologias, sobretudo a internet, possibilitaram um maior acesso à informação, surge então o jornalismo on-line que apresenta um estilo ainda mais direto. Você acredita que o digital vai agregar ou perder espaço para o papel?
O jornalismo on-line tende a ganhar espaço cada vez mais. E, mesmo com essa audiência cada vez maior, os números mostram que os impressos também estão ganhando mais espaço, principalmente entre as classes que antes não acessavam tal tipo de informação. A ideia do jornalismo on-line, assim como a do rádio, é ser imediatista. Disponibilizar a informação em tempo real, para um público que tem essa necessidade. Aqueles que preferem ler com calma, um texto mais trabalhado, vão acompanhar pelo impresso. Há espaço para todas as mídias!
Qual o perfil que o profissional jornalista deve ter para fazer parte do mercado atual? Deixe algumas dicas para os estudantes de jornalismo.
Jornalista precisa ler, compreender e ser capaz de contar uma história. O bom jornalista é curioso. Por que os noticiários trazem a cotação do dólar todos os dias? Por que os nossos economistas estão atentos à bolsa de Tóquio? Por que os chineses querem estudar a cana-de-açúcar? Por que a prefeita da cidade decidiu trocar de partido? Por que o meu vizinho comprou mais uma caixa d'água? Aliás, qual a capa de hoje dos principais jornais? Está na hora de ler!
Faz pouco mais de um ano que o seriado Lost terminou. Alguém se lembra? Eu me lembro bem da loucura que era ver a série. Foi um experiência.
Se você perdeu a série, até vale ir atrás das reprises ou dos DVDs, mas eles não vão reviver o que foi ver a série enquanto ela era exibida. Cada episódio de Lost nunca terminava no próprio episódio. A série seguia viva por fóruns, blogs, podcasts, livros, curtas e até uma enciclopédia!
E o curioso era que boa parte do material não era oficial. As melhores coisas eram feitas por fãs, pessoas que até o momento sabiam o mesmo tanto que você sobre a série. Quantas teorias melhores que as desenvolvidas na série não surgiram por aí. É de se pensar.
Esse conceito de Lost dialogava diretamente com a questão recente das novas mídias. O que era televisão, o que era de fã, o que valia, oque não valia? Quem rever a série pode muito bem curtir ela sem isso, mas quem atravessou temporada por temporada na internet aprendeu muito sobre essa nova linguagem por conta do seriado.
Meu entrevistado, Carlos Alexandre Monteiro estava bem no meio dessa confusão. Ele era autor do blog Lost in Lost, que figurava na capa do G1, durante a época de exibição do seriado. Era ali que ele destrinchava cada episódio com comentários, especulações, podcasts e tudo que qualquer fã precisava saber enquanto não tinha um episódio novo para assistir. E pode apostar que eles queriam. Não são raros os posts que ultrapassam 100 comentários. A média mensal de visita era de 300 mil acessos.
Leia a conversa com Carlos Alexandre Monteiro sobre seu trabalho no blog sobre lost e suas considerações sobre novas tecnologias, blogs, redes sociais e tecnologia.
Vinicius:De onde surgiu a iniciativa de cobrir a série? É uma característica das novas tecnologias dar essa possibilidade a qualquer pessoa? Lost foi um exemplo com tantos blogs feitos por fãs, não?
Eu fazia uma coluna dentro de um blog sobre Lost, o Dude, We Are Lost. Um dia, fui um dos entrevistados pelo Globo para uma matéria sobre a série. Uma gerente da Globo.com leu essa matéria e me convidou para ter meu próprio blog sobre Lost dentro do portal. E assim foi.
Sobre a profusão de blogs sobre séries, penso que não tenha sido uma exclusividade dos fãs desse tipo de programa. Na verdade, entendo que seja parte de um movimento surgido justamente por conta das facilidades tecnológicas, que democratizaram a produção e o compartilhamento de conteúdo.
Lost tinha um caráter multimídia que favorecia isso, não?
Concordo. A série soube explorar bem a internet como pilar de sua estratégia transmídia, com ARGs, podcasts, videocasts... Junte-se a isso toda uma trama de mistério, onde qualquer detalhe parecia importante para se desvendar os segredos da história e pronto: o público se sentiu mais do que instigado a falar da série.
As novas mídias descentralizam as informações ou são muito repetitivas?
Tudo, sempre, depende de quem conta a história - seja ela o lançamento de uma banda ou uma trama de fato ou o objeto da comunicação. Acho que muita gente já sacou que o interessante é desenvolver essa comunicação de formas diferentes em cada espaço e que, juntas, podem formar um todo bem rico e interessante.
Agora você mantém um blog de cultura pop, porque seguir criando conteúdo de formar independente?
Porque sinto vontade de opinar e de compartilhar. Infelizmente o tempo tem sido um forte limitador, mas acho que os que acompanham o Tudo Está Rodando já entenderam o meu ritmo complicado, heh...
E ainda tinha os podcast. Dominar diversas linguagens é um necessidade profissional das novas mídias?
Acho que qualquer profissional de qualquer área tem que ter um grau de multidisciplinaridade, e isso é especialmente ressaltado na área de comunicação.
Essa independência é uma força ou você considera que blogs só ganham audiência associados a grandesportais? O Lost In Lost teria ido bem se não estivesse na home do G1?
Fica difícil dizer com exatidão, mas não dá pra negar a força que tem o suporte de um portal de conteúdo. Porém, outros tantos blogs sobre Lost, como o Teorias Lost e o Dude, We Are Lost provam que sim, é possível fazer excelentes e reconhecidos blogs de forma 100% independente.
Dos mais novos produtos tecnológicos você tem obsessão por algum aparelho ou serviço?
Eu adoro meu iPhone. Dentre as novas redes sociais, uma relativamente recente é o Foursquare, e tenho carinho especial por ela. O GetGlue também tem uma proposta interessante.
E pelas rede socias? Por que vc acha que as pessoas gostam tanto de compartilhar suas vidas. Você é um usuário ativo ou mais recluso?
Além do exibicionismo (em maior ou menor grau) de muita gente, acho que as pessoas gostam de compartilhar suas vidas porque foi dada a elas a chance de terem, ao produzirem conteúdo, atenção coletiva em boa escala. Na verdade, não deixa de ser uma replicação online de uma prática off. Afinal, todos conhecemos pessoas que amam mostrar para as demais as suas casas, as fotos dos filhos, contar o que andam ouvindo etc.
Uso as redes sociais produzindo e compartilhando conteúdo com regularidade, mas não de forma frenética. E aí vai mais uma replicação da antiga vida offline: o comportamento ideal numa rede social, pra mim, é papo de bar. É não encher o saco dos outros falando só de si, comentar quando sente vontade de interagir de verdade e não por exibicionismo e por aí vai.
AGÊNCIA PARLATÓRIO BARÃO
O conteúdo da Agência de notícias Parlatório Barão é produzido pelos alunos de Jornaliismo do Centro Universitário Barão de Mauá. O gerenciamento, orientação, e supervisão é do professor Eduardo Soares. Esse espaço é destinado a publicação de notícias, entrevistas e informação, produzidas dentro das disciplinas do curso por nossos futuros jornalistas. Eles podem usar criatividade e todos os recursos disponíveis para a construção do webjornalismo: áudio, vídeo, hypertexto, fotografia entre outros.O objetivo é criar um espaço de informação, interação, experimentação e unidade do curso, sempre voltado para o jornalismo público e a prestação de serviços.
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