terça-feira, 29 de novembro de 2011

Novas Tecnologias em Assessoria de Imprensa

Fernando Bueno, diretor da Assessoria de Imprensa, Milagre do Verbo de Ribeirão Preto, comenta sobre o uso das novas tecnologias e os beneficios da utilização dessa ferramenta para os Assessores de Imprensa.

1 – Para você, o que são as novas tecnologias?

No âmbito da Comunicação como mecanismo de integração e informação social e como business, as novas tecnologias são todas as ferramentas disponíveis, ou criadas sob demanda, que permitem maior integração entre o produtor da informação – seja ele um meio de comunicação tradicional ou de plataforma mais moderna – e seu público-alvo. Necessariamente, resvalaremos ou nos colocaremos totalmente imersos nos quesitos modernidade e informática de ponta quando falamos de novas tecnologias – isso pode ser traduzido como utilização de Redes Sociais em geral e plataformas que considerem tecnologia móvel, como celulares e tablets. É bom ressaltar que sempre focarei, nesta nossa conversa, muito mais o atendimento às necessidades de comunicação das organizações para as quais eu e minha equipe atuamos em termos de agência e provedora de soluções em comunicação. Ou seja, meu foco sempre será o negócio do cliente.


2 – Como isso pode ser um benefício para os meios de comunicação?

Os meios de comunicação somente se beneficiarão das novas tecnologias de forma integral quando resolverem dois aspectos cruciais: transformá-las, finalmente, em geradoras de caixa – jornais, rádios, TVs e agora sites e portais são empresas e como tais visam lucro; quase nunca dizem isso para os futuros jornalistas nas faculdades – e utilizá-las respondendo, sem exceções, ao cânone principal da informação, que é fazê-la sair de sua origem e chegar ao seu público com clareza, coerência, correção e concisão. O grande problema é que muitos veículos fazem, nos suportes tradicionais ou modernos, um Jornalismo errático, mal escrito, tendencioso e... curtinho, como se isso fosse sinônimo de concisão. Tempos atrás ouvi, em um evento em Ribeirão Preto, uma profissional de Turismo, dublê de produtora de conteúdo de portal de internet, criticar aspirantes a jornalistas do Estadão. Ela dizia que jornal impresso era arcaico e pré-histórico e que quem havia, por exemplo, dado a primeira notícia da morte de Bin Laden fora um cara que tuitou, do Afeganistão, sobre o assunto. O problema é que não ensinaram a ela que Jornalismo não se faz apenas com manchetes. Ele se faz com responsabilidade e aprofundamento de discussões importantes à sociedade.


3 – Atualmente, qual a relação das novas tecnologias com a Assessoria de Imprensa?

As Assessorias de Imprensa são empresas que fornecem conteúdo direta (atualizando blogs, tuitando, postando em Redes Sociais, etc.) ou indiretamente (“vendendo” releases e boas pautas às redações) à sociedade. Portanto, não podem e não devem se furtar de atuar com as ferramentas disponíveis para fazer o melhor mix de planejamento e ações para seus clientes. Contudo, há que se respeitar a cultura dos próprios clientes. É uma ilusão achar que todo o mercado já está ou estará em curto prazo envolvido, por exemplo, com Redes Sociais. Nossos clientes, por exemplo, estão entrando de forma paulatina. Temos oferecido plataformas e soluções e eles estão testando ou avaliando nos planejamentos para 2012. Mas seremos os principais fornecedores de conteúdo para as novas tecnologias deles e de outras áreas do mercado na qual atuaremos a partir do ano que vem. Há, contudo, clientes como a Santa Emília Automóveis, por exemplo, que estão em diversas Redes Sociais, inclusive vendendo carros e fidelizando seus clientes. Os meios tradicionais continuarão a ser usados, mas as novas tecnologias ocuparão um espaço próprio neste cenário. Tudo tem que ser, como sempre, planejado com critério para que a execução e os resultados sejam positivos.

4 – Qual a estratégia utilizada para que a informação seja proliferada nas novas TCIs?

A informação não pode ser proliferada simplesmente. Ela tem e pode ser concebida para as novas tecnologias da informação, mas deve respeitar critérios éticos e estruturas de tempo e apuração, como em qualquer outra plataforma. Tudo se baseia em planejamento e foco. O planejamento faz os prazos serem cumpridos e rearranja as ferramentas, atuais ou tradicionais, em benefício da necessidade do cliente. E o foco faz com que o planejamento seja direcionado aos públicos que se quer atingir. As diferenças mais sensíveis referem-se à instantaneidade da informação veiculada por meio das novas tecnologias. Antigamente, em coletivas, por exemplo, as “brigas” aconteciam porque o pessoal das TVs queria gravar logo porque as fitas tinham que ser enviadas para a edição. Depois veio o pessoal dos sites, que ali mesmo, com notebooks no colo, enviavam seus textos. Com os novos celulares tudo acontece ao mesmo tempo agora. Uma foto é batida e um texto é postado em microblog. Mas até para isso tem que haver critérios. Não sou dos puristas que acha que Jornalismo tem que ser feito por jornalistas formados. Claro que prefiro os meus colegas, aqueles que se sentaram nos bancos das faculdades e vararam madrugadas em fechamentos. Respeito e estarei sempre ao lado destes. Mas hoje em dia é melhor ter informação de credibilidade feita por pessoas conscientes e éticas que material ruim e tendencioso feito por jornalistas venais, o que, infelizmente, tem muito por aí. Mas não acredito que as pessoas e os próprios profissionais tenham que achar que um twitter baste. É preciso aprofundamento.

5 – Como as novas tecnologias podem influenciar no conteúdo da informação? E no jornalismo? E para a assessoria de imprensa?

Acabarei aqui defendendo as posições que já salientei acima. A maior mudança é que, agora, os governos, as empresas, os SACs, os jornais, etc., não são mais donos exclusivos da informação, como era no passado. Hoje ela pertence ao mundo, à sociedade. De novo, é preciso ter critérios para se escrever e para se consumir esta informação das Redes Sociais, por exemplo. A rapidez com que a informação chega ao público está fazendo com que o Jornalismo se reinvente e se torne mais ágil e com mais atrativos – meu medo é que tudo se torne um grande barril de entretenimento apenas. Muitos jornalistas já se pautam pelos twitters que seguem. Outros passaram a usar Facebook e blogs para publicar conteúdo próprio, que não cabe nos veículos tradicionais. Isso me anima. No que se refere à Assessoria de Imprensa, as questões referem-se, sobretudo, ao pronto atendimento às solicitações da sociedade. Hoje as reclamações ou pedidos de explicação não chegam até uma Assessoria somente por meio da imprensa. Vêm por meio dos sites das empresas, das Redes Sociais, etc. Um exemplo de falta de reconhecimento das Redes Sociais como novo elemento transformador das relações na sociedade é o famoso vídeo do consumidor que se sentiu lesado pela Brastemp. A empresa não deu muita bola para o consumidor e teve que amargar a realidade de ser um case de falta de gestão em comunicação repetido à exaustão em cursos e palestras sobre o assunto em todo Brasil. Uma Assessoria de Imprensa, em tempos de novas tecnologias, tem que estar preparada para antever situações como esta e propor soluções.

6 – O que você mudaria para melhorar as novas TCIs?

As novas tecnologias têm que ser colocadas a serviço da boa informação a qual a sociedade tem direito. Não podemos achar que tudo seja informação pertinente. O difícil nesta história é não se contaminar e separar o joio do trigo. Não devemos nos ater a modismos e, sim, fazer Jornalismo com respeito ao leitor, ao público final. Banda larga e telefonia móvel mais baratas e de melhor qualidade ajudaria muito.

Por Victor Sanches

Confira no link abaixo a entrevista com Fernando Bueno

Novas Tecnologias em Assessoria de Imprensa by vic_victor_hugo




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